A mãe decidiu por as suas duas filhas Joanita e Rebeca no Internato, por causa do alvoroço dos rapazes à volta de Joanita, à saída das aulas. Teresa obedece sem replicar, mas não deixa de sentir muito. Mesmo nas horas difíceis da sua entrada no Internato Teresa não interrompe o seu diálogo com Deus, se Deus quer que esteja no Internato, ali estará com Jesus; pois está disposta a tudo para seguir o seu Amado:
«Devo seguir Jesus até ao fim do mundo se Ele quiser. Nele encontro tudo. Só Ele ocupa o meu pensamento. É Ele o céu na terra».
A primeira vez que aparece a palavra oração no seu diário é na entrevista que tem no colégio com a Madre Rios. A oração entendida como encontro com Deus, seja em momentos especiais próprios para isso, seja no decorrer do dia com a consciência constante da presença de Deus, faz com que a união afectiva com Jesus seja uma realidade vital em Teresa dos Andes.
«Esse farol luminoso brilhou para mim aos quatorze anos. Mudei de rumo e propus-me caminhar no verdadeiro caminho. Entreguei-me a Ele. Comprometi-me a oito de Dezembro. É impossível dizer tudo o que quero. O meu pensamento não se ocupa senão n’Ele. É o meu ideal, um ideal infinito».
«Todos os dias faço a minha meditação e vejo quanto me ajuda no caminho da santidade. É o espelho da alma. Quanto nos conhecemos na oração! Jesus deu-me a entender que, para encontrar a perfeição, é necessário o amor à oração. Li na Vida de Santa Teresa que, aos principiantes no caminho da oração, é bom imaginar a alma como um jardim cheio de ervas daninhas e tudo muito seco. Então, naquele que começa o Senhor coloca no jardim da sua alma plantas bonitas que nós devemos cuidar para que não sequem. E para isto, os que começam têm que tirar água do poço, o que é custoso, pois são as dificuldades que cada um encontra ao início do caminho da oração».
Teresa tem dificuldade em orar como ela queria. Umas são internas e outras externas. Mas ela está convencida da eficácia da oração:
«Para mim a dificuldade é o respeito humano: que me vejam meditar e me chamem de beata. Às vezes também não consigo ouvir a voz do Senhor e isto faz com que afaste. Mas agora estou decidida, custe o que custar, a fazer oração todos os dias. Vou escrever as resoluções que tiro todos os dias».
«Perguntou-me como era a minha oração, se era seca ou com devoção. Eu disse-lhe que às vezes com devoção, mas que tinha períodos em que não podia meditar e ficava tranquila com Nosso Senhor. Mas disse-me que devia procurar reflectir sempre e que só em último caso devia ficar com Nosso Senhor. Que vivesse constantemente na presença de Deus Nosso Senhor dentro da alma. Que o fizesse o mais amiúdo possível. Que fizesse o exame particular sobre isso. Que apontasse os pensamentos e afetos da meditação que mais me movessem à devoção.»
Chegam as férias de Verão: «Estamos a passar umas férias muito tranquilas e felizes, onde encontrei tempo para os mesmos exercícios de piedade que faço no colégio.»
«Não imaginas as paisagens bonitas que encontramos: grandes quedas de água entre os montes cobertos de árvores e no fim das quedas uma abertura por onde se via o mar, sobre o qual refletiam nuvens de diversas cores e por trás delas o sol encoberto. Não é possível imaginar coisa mais bela que faz pensar em Deus, que criou a terra tão bela. À noite saímos para nos sentarmos na areia, era a primeira vez que se via a lua, pois todos os dias à tarde o céu fica nublado. Sentimos na alma uma solidão inexplicável que só Deus pode encher.
Tudo o que vejo me leva a Deus. O mar com a sua imensidade faz-me pensar em Deus, na sua infinita grandeza! Então sinto sede do infinito.»
Sairá do Internato definitivamente a 12 de agosto de 1918. Nesse dia recordará com saudade todos os momentos de oração que passou na capela deste centro de estudos «Junto a Jesus…Quantas coisas falamos!»
Teresa de Jesus dos Andes