«Minha irmãzinha mais querida»

Esta irmã e amiga mais íntima e querida chama-se Rebeca. Apesar das suas profundas diferenças chegaram a uma união interior muito grande.

Rebeca foi a primeira confidente do segredo de Teresa: o compromisso com Cristo. «Em poucas palavras te contarei o segredo da minha vida. Entreguei-me a Ele. No dia 8 de Dezembro comprometi-me com Jesus».

Teresa começa por contar à querida irmãzinha o seu segredo, a união com Jesus, depois vai explicar-lhe as razões que a levam a entrar no Carmelo e consequentemente a dolorosa separação das duas; e desde dentro do mosteiro vai falar-lhe dos caminhos de Deus. Ela vai contagiar à sua irmã os principais pontos onde se apoia a sua vivência com Deus. Desta forma ela quer viver unida à sua irmã, já não pela proximidade física, mas numa dimensão invisível, porém real e mais firme.

O Único que sei

Rebeca pergunta pelo regulamento do Carmelo e Teresa responde-lhe: «Pedes-me que te diga o meu regulamento; mas ainda não o sei bem; porque o único que sei é estar com o meu Jesus. Tudo o resto deitei-o ao esquecimento».

Única melodia

«Vive com Jesus no fundo da tua alma. Aí adora-O e oferece a Jesus, a cada hora, o que vais fazer, e faz tudo por amor. Que sejamos as duas irmãzinha querida, uma melodia contínua de amor para o nosso bom Jesus. Vivamos submergidas nessa atmosfera divina para estarmos unidas».

Ensinando-a a orar

«Nada me dizes se fazes oração. Não percas tempo irmãzinha querida. Quanto me pesa o tempo perdido! Como gostaria de me ter dedicado desde sempre a este Deus tão bom, a este Ser infinitamente belo, o único Ser digno de ser conhecido. Ama-O porque só Ele merece o nosso amor. Vive nele mais do que em ti. Deus está mais em nós do que nós mesmos. Deus enche-nos, trespassa-nos inteiramente porque é imenso e todas as coisas estão n’Ele. Oh, irmãzinha dá-te a Ele, ama-O e segue-O».

A chave da felicidade

«Se soubesses a felicidade que inunda a minha alma em cada momento da minha vida escondida em Deus! Não queria saber, nem tratar nada que não fosse Ele. Dir-te-ia muitas coisas mas não tenho tempo. Ajuda-me a cantar continuamente o cântico de amor e acção de graças a Jesus».

Rezo por ti

«Se soubesses como rezo por ti… francamente te digo, acho que o mundo te entusiasma e que ainda te deixas arrastar por ele. Gostas de brilhar na sociedade, não é verdade? Mas não penses que isto acontece só contigo. É inato à criatura o desejo de se mostrar e sobressair. Mas se pensássemos que esses aplausos da sociedade se dissipam da noite para a manhã. O que são esses aplausos tantas vezes fingidos? O que fica de proveito, senão um orgulho secreto na alma? Não. Não serve de nada, pois aqui na terra o único que vale é o que nos pode levar mais a Deus».

Queria dar-te a minha alegria

«Queria dar-te a minha alegria de ser toda de Deus e dizer-te com toda a confiança que Deus actua maravilhosamente no teu coração para te atrair a Si, separando-te dos seres que tu tanto queres, para que encontres só n’Ele o teu apoio. Querida irmã porquê apegar-se às criaturas que passam, que são inconstantes e que morrem? Porquê não amar esse Deus que, não precisando de nós, nos ama, nos olha, e sempre nos cumula dos seus bens? Viver de amor, viver no céu, em Deus. Esta é a única dita da alma da tua carmelita. Não acredites que te oculto que há sofrimento, mas na cruz está o amor e é amando que se é feliz. Reflecte em tudo o que te digo e comunica-me a tua impressão».

Teresa de Jesus dos Andes