Quando a alma chega

[ao estado de perfeição]

todo o exercício da parte espiritual

e da parte sensitiva,

ora seja no agir, ora no padecer,

de qualquer maneira que seja,

causa-lhe sempre mais amor

e gosto em Deus,

e até o mesmo exercício da oração

e trato com Deus,

que antes costumava ter

noutras considerações e modos,

já tudo é exercício de amor.

De maneira que, seja o seu trato

acerca do temporal,

seja acerca do espiritual,

sempre esta alma pode dizer:

Que já só em amar é meu exercício.

Ditosa vida,

e ditoso estado,

e ditosa a alma que a ele chega,

em que tudo lhe é substância de amor

e regalo e deleite de desposório.

Cântico Espiritual B 28, 9-10

Eulogio Pacho, As mais belas páginas de S. João da Cruz, Edições Carmelo, Avessadas p.11.