Neste aspirar o Espírito Santo pela alma,

que é a sua visitação de amor à alma,

comunica-se-lhe em alto grau

o Esposo Filho de Deus;

por isso é que envia primeiro o seu Espírito

como aos Apóstolos,

que é o seu aposentador,

para que lhe prepare

a pousada da alma Esposa,

levantando-a em deleite,

pondo-lhe o horto a jeito,

abrindo as suas flores,

descobrindo os seus dons,

adornando-a com a tapeçaria

de suas graças e riquezas.

E assim, com grande desejo

anseia a alma Esposa por tudo isto, a saber:

que se vá o frio Norte,

que venha o Austro,

que aspire por entre o horto;

porque então ganha a alma

muitas coisas juntas.

Porque ganha o gozar as virtudes

postas em ponto de saboroso exercício;

ganha o gozar o Amado nelas,

pois mediante elas, se lhe comunica

com mais estreito amor,

fazendo-lhe mais particular mercê que antes;

e ganha que o Amado

muito mais se deleite nela

por este exercício actual de virtudes,

que é do que ela mais gosta,

a saber, o gosto do Amado; 

e ganha também a continuação

e duração de tal sabor

e suavidade de virtudes.

CB 17, 8

Eulogio Pacho, As mais belas páginas de S. João da Cruz, Edições Carmelo, Avessadas p. 64.