Como Maria recebeu o anúncio de um anjo pedindo-lhe de aceitar a concepção de Jesus em seu seio, também José teve conhecimento de sua vocação e missão através do anúncio de um anjo. De fato, o evangelista Mateus (1,18-25), assim descreve: “Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo. José, seu esposo, que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu rejeitá-la secretamente. Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonho e lhe disse: ´José, Filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados’. Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor  falou pelo profeta: Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho, que se chamará Emanuel (Is 7,14), que significa: Deus connosco. Despertando, José fez como o anjo do Senhor  lhe havia mandado e recebeu em sua casa sua esposa. E, sem que ele a tivesse conhecido, ela deu à luz o seu filho, que recebeu o nome de Jesus”.

Neste relato José teve a aparição do anjo Gabriel durante um sonho, o qual deu-lhe algumas indicações precisas, tais como: ”José, filho de Davi”, depois assegurou-lhe que era vontade de Deus que ele fosse esposo de Maria, dizendo-lhe: “Não temas”. Asseguro-lhe de que ele seria pai daquele que devia “salvar o seu povo de seus pecados”. Por fim, a sua resposta: “Tomou consigo sua esposa”.

O evangelista Mateus (1,19) colocou no centro da mensagem do anjo uma qualificação para José; aquela de Justo; “José seu esposo, sendo homem justo e não querendo abandonar Maria, decidiu de despedi-la em segredo”. Para Mateus a razão da intenção de José de abandonar Maria é porque era um homem justo. Deste modo, José, sendo justo se livrava de um problema para o qual não encontrava solução, pois ao abandonar Maria não lhe iria causar nenhum prejuízo à sua honra.

A justiça de José “está enquadrada no estilo do Antigo Testamento, onde esta tem o significado de  cumprimento de toda a lei escrita, vale dizer, de santidade”. 

 A justiça realçada por Mateus e que no conceito bíblico indica alguém que é deliberadamente e totalmente disposto a cumprir a vontade de Deus no desenvolvimento de seu projeto de  salvação. Na intenção de Mateus, a dúvida de José, movia-o a procurar descobrir qual era a sua missão ao lado de Maria como sua esposa para depois dedicar-se completamente em cumpri-la,  ou seja, a sua dúvida  conduzia-o a uma humilde espera da voz do céu, como uma solução prudente a tomar.

José é esposo de Maria, a qual concebeu Jesus por obra do Espírito Santo; esta verdade dá luz à dúvida de José, a qual se refere não a uma maternidade qualquer, mas a uma maternidade admirável, (RC 3) porque deu-se com o intervenção do Espírito Santo. A dúvida de José é guiada por um sentimento da presença de Deus, e foi somente pela presença da ação divina em Maria que ele pensou em deixá-la. Como condividir a vida com aquela que está intimamente ligada a Deus?

Por isso foi necessário a intervenção divina, onde José é chamado pela ordem divina a tomar consigo a sua esposa e a assumir a paternidade da qual ela tinha concebido por obra do Espírito Santo. De fato, o anjo dirigiu-se a José como ao esposo de Maria e como aquele que deverá impor o nome do Filho que nascerá da Virgem de Nazaré, sua esposa. O Anjo confia-lhe, portanto, a tarefa de um pai terreno a respeito daquele Filho de Maria (RC 3). O mensageiro o conduz no mistério da maternidade de Maria.

O Filho de Maria, sua esposa, pertence-lhe segundo a lei humana e não somente segundo a genealogia. Pertence-lhe segundo a vontade divina que chama José a condividir com aquele “de quem toma nome toda família no céu e na terra” (Ef 3,15), o título de Pai. Honra tão grande que nenhum homem se pode vangloriar de possuir.

Diante disso José despertando do sono fez o que o anjo lhe ordenara e lança-se na obediência da Palavra recebida, aceitando como disse Paulo VI, o seu destino. Ele tem uma religiosa escuta da Palavra Divina e uma absoluta disponibilidade para servir fielmente a vontade salvífica de Deus. Vemos aqui encarnado o modelo de obediência, distinguindo-se pela fiel execução da vontade de Deus. Juntamente com a bem-aventurança de Maria “Bem-aventurada aquela que acreditou”, também se pode referir a esta, em certo sentido a José, porque ele respondeu afirmativamente à Palavra de Deus. A sua foi uma “puríssima obediência da fé” (RC 4).

José tomou a partir daí a sua esposa assumindo em tudo o mistério de sua maternidade juntamente com o filho que dela nasceria por obra do Espírito Santo. Ele demonstrou aqui uma disponibilidade de vontade semelhante àquela de Maria, (RC 3) e assim tornou-se juntamente com Maria, o primeiro depositário do mistério divino, e da mesma forma em relação a Maria, ele participa desta fase culminante da auto-revelação de Deus em Cristo. Com isso José é o primeiro a participar da fé da Mãe de Deus; ele é aquele que primeiramente foi colocado por Deus no caminho da peregrinação da fé, sobre a qual Maria irá à frente de modo perfeito (RC 5). Eis porque podemos dizer que São José é o modelo dos humildes que o Cristianismo eleva a grandes destinos (Paulo VI  alocução 19/3/1969).

Oração

És o homem da intimidade com Deus.
Só um homem de uma fé profunda,
duma relação íntima e constante com Deus,
de uma esperança feita vida
e de um amor extraordinário
pode cativar o nosso Deus,
que te amou e escolheu,
entre todos os homens da terra,
para seres o pai do seu Filho.

Tu foste o escolhido de Israel
Para receberes o Messias,
O Salvador, que cuidaste, amaste e educaste.

Bendito és tu, José, porque acreditaste!
Alcança-me de Jesus a graça de, como tu,
Viver na sua intimidade.
São José, roga por mim!