Vejo que Cristo é muito pouco conhecido
dos que se têm por seus amigos.
Pois vemo-los andar a buscar n’Ele
seus gostos e consolações,
amando-se muito a si,
mas não as suas amarguras e mortes,
amando-O muito a Ele.
Falo destes que se têm por seus amigos,
que dos que vivem lá longe,
apartados d’Ele,
grandes e letrados e poderosos,
ou outros quaisquer
que vivem lá no mundo
com cuidados de suas pretensões e grandezas,
– que podemos dizer que não conhecem a Cristo –,
cujo fim, por bom que seja,
muito amargo será,
não faz deles menção esta letra.
Mas fá-la-á no dia do juízo,
porque a eles lhes tocava falar primeiro
esta palavra de Deus,
como a gente que Deus pôs em evidência
pelas suas letras e alto estado.
S 2, 7, 12
Eulogio Pacho, As mais belas páginas de S. João da Cruz, Edições Carmelo, Avessadas p. 59.