Santa Teresa de Ávila, a grande genial renovadora do Carmelo, quis criar um ambiente propício, centrado totalmente em Deus, onde Ele fosse uma atmosfera que se respira continuamente, onde o Deus-Homem fosse familiar: «…e que Cristo andaria connosco». Nesse clima Deus ocupa tudo: os espaços, o horário, as relações pessoais e o pensamento. Essa é a primeira impressão que Teresa dos Andes comunica às pessoas amigas que lhe perguntam sobre a sua nova vida: «Tudo no Carmelo está impregnado da sua divina presença. Respiramo-Lo, por assim dizer, em tudo». «Que lhe direi da minha vida de cela? Cada dia dou mais graças a Deus pela minha vocação, cada dia ela torna-se mais formosa para mim e tanto mais formosa quanto mais penetro nela. Oh, se pudesse fazer-lhe experimentar a felicidade que se sente quando não se tem na vida outra ocupação que a de amar e contemplar; quando a alma engolfada no Oceano da divindade perde de vista a ribeira do mundo (…) Dei início à minha eternidade. Tenho tudo. Só me falta ver a Deus cara a cara.

«Esta é a vocação da Carmelita: ser hóstia pura que continuamente se oferece a Deus pelo mundo pecador. Que grande e extenso é o modelo que Nosso senhor apresenta a cada carmelita! Que imolação! Que esquecimento de si mesma! Que pureza encerra! E tudo no silêncio e no recolhimento.»

 «Hoje faz oito dias que morri para o mundo para viver escondida no Coração infinito do meu Jesus. Sou feliz; a criatura mais feliz do mundo. Estou a começar a minha vida de céu, de adoração, de louvor e amor contínuo. Parece-me que já estou na eternidade porque no Carmelo o tempo não se sente. Estamos submersas no seio da Trindade Imutável».

«Vivemos só para Jesus. E assim como os anjos no céu cantam incessantemente os seus louvores, a Carmelita secunda-os aqui na terra, já seja perto do sacrário onde está prisioneiro o Deus-Amor, ou no íntimo do céu da sua alma, onde a fé lhe diz que Deus mora. A nossa vocação tem por objecto o amor, que é o maior que o coração do homem possui. Esse amor reside dentro da sua alma desde o dia em que Jesus pôs nela o gérmen da vocação. É uma fogueira onde a alma se consome e se funde com o seu Deus». «Que bonita é a nossa vocação! Somos redentoras de almas em união com o nosso Salvador. Somos as hóstias onde Jesus mora».

«A verdadeira Carmelita, segundo entendo, não vive. Deus é que vive nela. Isso é o que trato de realizar: contemplar incessantemente o Ser Divino, perdendo o meu nada no seu Oceano de caridade».

«A delícia de Jesus quando esteve na terra era a casa de Betânia, a sua morada predilecta. Ali era intimamente conhecido por Lázaro, servido por Marta e amado loucamente por Maria. Agora, a carmelita substitui junto de Jesus essa vida íntima. Ela estuda-a para amá-LO e servi-LO segundo a Sua vontade. O Carmelo é o seu refúgio no meio do mundo, é a sua morada predilecta com as suas escolhidas.

A carmelita sobe ao Tabor do Carmelo e reveste-se com as vestes da penitência que a assemelham mais a Jesus. E, como Ele, Ela quer transfigurar-se para ser convertida em Deus.

 A carmelita sobe ao Calvário, ali se imola pelas almas. O amor crucifica-a, morre para si mesma e para o mundo. Sepulta-se, e o seu sepulcro é o Coração de Jesus; e dali ressuscita, renasce para a vida nova r vive espiritualmente unida ao mundo inteiro».

«O Carmelo apresenta-se-me com todos os atractivos para saciar a minha alma.»

Teresa de Jesus dos Andes